17 setembro, 2009

A guitarra e a tecnologia

Não temos como negar, os tempos são outros. Hoje temos que discutir e analisar o que está em nossa volta. A tecnologia é presente, barateia os custos de produção na música e se tornou uma ferramenta indispensável. Quem não se informar, ou se informatizar, vai ficar pra trás. Mas como produzir um bom som de guitarra, já que é inegável que o mesmo está pasteurizado, ou se padronizando na mesma estrutura. Culpa de quem? De nós guitarristas sem dúvida.
No fim da década de sessenta, o guitarrista aqui no Brasil tinha inúmeros problemas para resolver. Fora as questões econômicas do trabalho do músico, a guitarra tinha que encontrar seu espaço na música brasileira. Alguns músicos mais conservadores, ou puristas, viam no instrumento uma forma de americanização do som brasileiro. Mas esses mesmos não viam, ou não gostariam de enxergar que a música brasileira (me recuso a chamar de música popular brasileira, pois toda a música feita no Brasil é brasileira) foi formada por várias influencias, tanto externas quanto internas. Ou o jazz e as harmonias do período romântico não foram cruciais para o desenvolvimento da Bossa Nova?
O porquê talvez estivesse nos primórdios da semana de arte moderna, a busca de uma identidade de um país global, que sempre aceitou imigrantes de todas as partes do mundo. Soma-se a isto, a total impossibilidade de adquirir equipamentos de qualidade, a preços acessíveis. O que restava a grande maioria era tentar reproduzir os sons com o que se tinha em mãos. A isso se deve a construção de um som inovador, diferenciado que conquistou adeptos mundo a fora. Os grandes exemplos são Os Mutantes, até hoje reverenciados, e o Clube da Esquina, sempre lembrados pelo pessoal do rock progressivos e jazzistas americanos.
Quase 40 anos se passaram e temos outras plataformas para exercemos nosso trabalho. Os equipamentos agora são acessíveis a todos. E a tecnologia não é mais problema em terras tupiniquins. A revolução tecnológica que vive o mundo atingiu o Brasil, e de certa maneira estamos tirando um bom proveito. Para a guitarra não foi diferente. Podemos hoje com uma boa placa de áudio e um bom simulador de amplificador chegar a um resultado com qualidade sonora respeitável. Mais o maior problema desta acessibilidade é a padronização dos sons do instrumento. Todo mundo soa igual e não há uma busca por algo novo, diferente. Os equipamentos estão disponíveis, mais precisamos parar de usar apenas os presents de fábrica. Mesmo na busca de imitar o som de alguém pode-se chegar a um som surpreendente. Precisamos aprender que tirar leite de pedra é crucial para descobrir nossa identidade. E atualmente esta pedra é que nos levará ao futuro.

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